Entre centenas de pupunheiras (Bactris gasipaes Khunt.) conservadas no Banco de Germoplasma da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Pará, algumas plantas são capazes de gerar frutos de mesa de qualidade e saborosos, conforme comprovam os resultados de uma avaliação sensorial recém-publicada pela instituição.
O trabalho está disponível no boletim de pesquisa Avaliação Sensorial em Frutos de Acessos de Pupunheira do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental (acesse aqui). A obra contém subsídios para definição de parâmetros relacionados à domesticação da espécie, mais especificamente ao desenvolvimento de futuras cultivares da Embrapa indicadas para inserção no mercado de frutos de mesa.
O consumo de pupunha cozida no café da manhã ou lanche é muito comum na região Norte do Brasil, mas os produtores interessados no cultivo da pupunheira se deparam com a falta de sementes detentoras de características previsíveis e desejáveis do fruto. Aqui entra o papel das atividades realizadas no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Pupunha, pois, sendo um manancial genético vivo da espécie destinado a experimentos científicos, todos os exemplares desse banco são identificados e constantemente observados para fins de seleção.
Método afetivo
“A avaliação sensorial é um método afetivo, importante ferramenta na obtenção de informações que afetam diretamente a aceitação mercadológica do produto. Por meio dos frutos mais apreciados conseguimos saber de quais pupunheiras se originam os mais promissores para a seleção genética pretendida, neste caso pupunhas para alimentação”, explicam as pesquisadoras Maria do Socorro Padilha de Oliveira e Rafaella de Andrade Mattietto, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), autoras da publicação.
De todos os atributos avaliados (cor, aroma, sabor, textura e impressão global), o sabor foi o atributo sensorial que apresentou maior influência na aceitação global dos frutos. Os cachos para o teste sensorial foram extraídos de dez pupunheiras do BAG, três delas geradoras dos frutos que tiveram a maior aceitação e intenção de compra.
“Outros acessos desse BAG devem ser avaliados para mesa, ampliando o conhecimento a respeito do próprio banco e dos exemplares mais úteis ao melhoramento genético desejado”, comenta a engenheira-agrônoma Camila Pinto Brandão, mestranda de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária na Universidade Federal Rural da Amazônia, autora da publicação.
Amostras, todas provenientes de frutos maduros, também foram submetidas à avaliação da intenção de compra. O material passou por protocolos idênticos de preparo e cozimento. Conforme descrito na publicação, o teste sensorial foi conduzido com 41 julgadores não treinados, de ambos os sexos, com idades entre 19 anos e 67 anos.
A publicação Avaliação Sensorial em Frutos de Acessos de Pupunheira do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental pode ser baixada gratuitamente da Infoteca-e (acesse aqui), o repositório de obras técnico-científicas da Embrapa.
Com informações da Embrapa
Foto: Vinicius Braga