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Embrapa sugere alteração no limite de cobre para mercado de castanhas
Agronegócio
Publicado em 22/05/2022

Teores de cobre encontrados no fruto são oriundos do processo natural de nutrição da espécie

Nota técnica assinada pela Embrapa Agroindústria Tropical forneceu subsídios para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitisse parecer favorável à alteração do limite máximo tolerável de contaminantes (LMT) de cobre em castanhas, passando de 10 mg/kg para 30 mg/kg. A medida abrange castanhas, nozes, pistaches, avelãs, macadâmia e amêndoas. 

Havia preocupação, por parte do setor, com o limite anteriormente estabelecido, que poderia inviabilizar a produção e a comercialização do produto. Atendendo a uma demanda da indústria de amêndoas de caju, a Unidade realizou o estudo que determinou os novos parâmetros de segurança alimentar. Os pesquisadores Marlos Bezerra e Carlos Taniguchi assinam a nota técnica que descreve como se manifesta a presença do cobre nas castanhas de caju, comprovando que o material faz parte da fisiologia da planta. Os teores de cobre encontrados no fruto são oriundos do processo natural de nutrição da espécie.

Após analisar as evidências apresentadas, a Anvisa concluiu que “o LMT anterior era desproporcional, já que não refletia adequadamente a ocorrência natural do cobre nestes alimentos”. O novo índice foi publicado na Instrução Normativa nº 152, de 3 de maio de 2022. A indefinição sobre os indicadores colocaria em risco a indústria de processamento de castanha de caju no Brasil, uma vez que os produtos estariam sendo comercializados fora da norma.

“Não houve nenhum problema para a indústria, haja vista que a correção foi realizada um dia antes da instrução normativa entrar em vigor. Caso não tivesse havido essa reversão com o nosso trabalho, aí sim, as indústrias iriam sofrer restrições para a venda das amêndoas”, avalia Bezerra. 

De acordo com Gustavo Saavedra, chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, os pesquisadores realizaram um levantamento meticuloso a fim de encontrar alguma relação entre doenças relacionadas ao consumo de cobre. “Nada foi encontrado, muito pelo contrário: o cobre presente nas amêndoas é apontado como um fator benéfico para a saúde humana. Nós seres humanos também precisamos de cobre, em pequenas quantidades, por isso a Anvisa é tão cuidadosa com isso”, afirma.

“O estabelecimento do novo valor garante a segurança do alimento que chega ao consumidor, bem como a viabilidade operacional de todo um segmento industrial e dos produtores a ele associados. Além disso, em outros países consumidores e produtores da castanha de caju, o indicador é equivalente ou superior ao previsto pela instrução da Anvisa”, complementa o chefe. 

Articulação e reconhecimento

De acordo com Marlos Bezerra, o pedido de correção foi feito pela Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC). Em resposta, a Anvisa solicitou dados técnicos que fundamentassem a solicitação. “Fomos contactados e preparamos a nota técnica que foi enviada à Anvisa por meio dessa associação. Em seguida, a Embrapa Agroindústria Tropical atuou junto aos setores produtivo e político para que a nota fosse colocada em discussão antes da entrada em vigor da instrução normativa”, explicou. 

Em virtude da repercussão do acontecido na cadeia produtiva de caju, a Embrapa Agroindústria Tropical realizou uma transmissão ao vivo, em seu canal no YouTube, no último dia 5, para prestar mais esclarecimentos.  Em reunião ocorrida em Brasília (DF) no começo deste mês, a deputada federal e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacou o papel da Embrapa na elaboração da nota técnica que estabeleceu os limites máximos tolerados de contaminantes na castanha de caju, permitindo que a atuação do setor não fosse inviabilizada. 

Com informações da Embrapa
Foto: 
@nenovbrothers

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