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Radiação ultravioleta é capaz de controlar podridão azeda em laranja-lima
Agronegócio
Publicado em 17/10/2022

De acordo com estudo, tratamento por UVC resultou em frutas com maior firmeza

A radiação ultravioleta C (UVC), aplicada em doses adequadas, é capaz de controlar com eficiência a podridão azeda da laranja-lima. Causada por um fungo, essa doença é a segunda que mais acomete a fruta após a colheita. A descoberta do novo tratamento veio de estudos conduzidos pela Embrapa Meio Ambiente (SP) e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em uma pesquisa que visou identificar o fungo causador do problema.

O tratamento por UVC apresentou a vantagem de resultar em frutas com maior firmeza, não alterar as suas características físico-químicas, e retardar o processo de amadurecimento.

A partir do isolamento do microrganismo, os cientistas obtiveram as suas identificações morfológica e molecular (análise do DNA). Nesses trabalhos, eles confirmaram que o patógeno é o Geotrichum citri-aurantii. “É importante essa identificação, pois fornece informações importantes sobre as características do patógeno, auxiliando a propor o melhor método para controle da doença”, esclarece a engenheira ambiental Adriane Maria da Silva, que realizou a pesquisa em seu mestrado pela Unicamp.

Os fungos da laranja

Conforme o pesquisador da Embrapa Daniel Terao, coorientador de Silva, os fungos são os maiores causadores de doenças pós-colheita em frutas cítricas. Isso ocorre porque o pH ácido dessas frutas proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento do microrganismo.

O principal local de infecção são os ferimentos e aberturas naturais na epiderme da fruta. Nessas brechas costumam se instalar, especialmente, o bolor verde, o bolor azul e a podridão azeda. Como agravante, os fungicidas utilizados (tiabendazol e imazalil) não têm apresentado controle eficaz específico da podridão azeda, o que deixa essa doença sem um produto para controlá-la.

Além disso, os cientistas alertam que o uso frequente dessas substâncias químicas pode causar impactos negativos à saúde humana e ao meio ambiente, além de contribuir para o desenvolvimento de patógenos resistentes às moléculas usadas. “Portanto, é crucial estimular o desenvolvimento e a comercialização de tecnologias alternativas e sustentáveis ao uso de agroquímicos”, defende o pesquisador.

Para Terao, a descoberta abre caminho ao desenvolvimento de métodos de controle alternativos mais sustentáveis por não fazerem uso de químicos. “Isso também torna a fruta nacional apta a ser exportada para mercados internacionais que restringem o uso de químicos, como o europeu, por exemplo”, ressalta Terao.

Tratamentos UVC e hidrotérmico

Silva estudou dois métodos de controle da podridão azeda: o tratamento hidrotérmico e a exposição à radiação UVC. Ela verificou nos estudos in vitro que os esporos de G. citri-aurantii são termorresistentes e que a inibição de atividades importantes deles ocorre a partir de 62°C. Por outro lado, os estudos do efeito da radiação UVC revelaram que a inibição na germinação de esporos ocorre em dose muito baixa, e chega a ser completamente inibida na dose adequada, demonstrando serem bastante sensíveis à radiação.

Na avaliação do efeito da temperatura combinada com radiação UVC na germinação de esporos, o nível de exposição térmica por 35 segundos a 62°C, combinado com a dose adequada em radiação UVC, inibiu completamente a germinação de esporos de G. citri-aurantii.

Em estudos anteriores, Terao constatou que os tratamentos combinados envolvendo várias tecnologias podem proporcionar uma inibição sinérgica de microrganismos. “Observei que, combinando o tratamento hidrotérmico e a radiação UVC, houve um melhor controle do bolor verde em laranja pera”, relata.

No entanto, no recente estudo in vivo, para avaliar o efeito individual e combinado da temperatura e da radiação UVC aplicados diretamente na fruta,  constatou-se que o tratamento hidrotérmico não controlou adequadamente a severidade da podridão azeda causada por G. citri-aurantii, por ser um fungo termorresistente, conforme demonstraram os estudos in vitro; e que temperaturas acima de 70°C aumentaram a severidade da doença, além de causar escaldadura na epiderme da fruta.

Por outro lado, a irradiação das frutas aplicada isoladamente apresentou eficiência no controle da podridão azeda superior ao tratamento hidrotérmico aplicado isoladamente ou combinado com a radiação. De acordo com os resultados, a aplicação da radiação foi eficiente, apresentando controle da doença.

Com informações da Embrapa
Foto: 
Envato

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